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#1232 - 'layla', Eric Clapton

Posted by | Posted on 22:52:00

Como vocês sabem, produzo muitos podcasts e, principalmente, ouço muitos podcasts.

Conversando com Tiago Andrade, notei que era hora de falar da "Síndrome Nerdcast".

Nerdcast, para quem não sabe, é o podcast produzido pelo site Jovem Nerd, do Alexandre Ottoni e do Deive Pazos, caras bem bacanas. É um dos primeiros (quiçá o primeiro) no Brasil, tem público consolidado, é sucesso, tem anunciantes e foi a primeira referência do ramo para a imensa maioria dos atuais produtores de podcasts no país. Se é sucesso, digo que é merecido.

Porém, o que acontece é que se pegou o Nerdcast como Bíblia para podcasts.

Como assim? Eu explico.

No Nerdcast temos uma abertura, sempre no esquema apresentação + frase bacanuda. Tipo "Eu sou Vinícius Schiavini e pra mim Jacob é um duende" (sim, já falei essa). Aí rola a vinheta, com o quadro de e-mails, comentários e anúncios. Depois volta para o tema da semana, com vírgulas sonoras, trilha de fundo. Ok.

Uma abertura é boa pra identificar. Trilha de fundo torna tudo não-entediante. Quadro de e-mails mostra respeito aos ouvintes. E tudo mais.

A partir daqui, vou generalizar.

Mas aí TOOOOOOOOOODOS os podcasts colocam pessoas fazendo frases bacanudas. E quadro de e-mails no começo. Fazendo minha mea culpa, o Dimensão Nerd tinha uma estrutura igual e agora tem algo similar, mas ligeiramente diferente (o locutor chama o participante, que fala o que quiser, mesmo um oi). Jogar o quadro de e-mails no fim do programa foi considerado "suicídio". No meio, então, maluquice.

O modo de edição de vozes, segundo o próprio Pazos em entrevista, é colocado para cortar respirações e espaços, dando agilidade. Isso é ótimo, dá dinamismo. Mas alguns interpretam que mesmo pausas dramáticas devem ser cortadas. Já vi boas piadas se perderem com essa pressa.

E os temas? O Nerdcast se divide em entrevistas, bate-papos entre amigos e bate-papos mais informativos, instrutivos. Entrevistas possuem uma estrutura da qual não dá pra fugir muito.

Programas instrutivos são sempre bem-vindos quando reúnem opiniões e experiências pessoais com informações. JWave sobre os programas clássicos da TV Cultura, no qual humildemente participei, foi divertido e lembrou elencos, temporadas de séries e curiosidades. Que venham mais e mais programas que acrescentem.

Bate-papos entre amigos possuem um limite, uma linha tênue. E ele vai pelo assunto mesmo. Se vários podcasts com pessoas que vem de uma mesma estrutura social, com experiências similares, abordam o mesmo assunto pela pura vontade de falar de algo, a tendência é de todos passarem a ser repetitivos. "Vamos falar de filmes que adoramos" terá muitas vezes Curtindo A Vida Adoidado, por exemplo. Ninguém é proibido de falar do que gosta, e o filme é ótimo, mas aí entramos no ponto a seguir.

Já que existem muitas pessoas inteligentes e capacitadas, vamos trabalhar para que cada podcast tenha seu formato. Dimensão Nerd tem as notícias culturais mais bacanas com pessoas comentando com bom humor, aí vão e copiam. Papo Na Calçada é um bate-papo entre amigos, mas é sua proposta, e sempre com assuntos diversos ao mesmo tempo. Retrocomputaria tem um assunto específico e um ineditismo incrível. Máquina do Tempo busca as raízes do rock. Spin-Off comenta o que rola de bom na televisão naquela semana. Radiofobia é como se programa de rádio fosse. Sabe, formatos diferentes.

A podosfera precisa respirar. Tudo começou com o Nerdcast, e por isso deve-se buscar inspiração, não "copiação".

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